No mês de agosto, quando Navegantes completou 56 anos de emancipação política, escrevi nas colunas “De olho por toda cidade”, no Jornal de Navegantes relatos sobre a história da nossa cidade. Reproduzo aqui este trabalho, disponibilizando o mesmo a toda sociedade.
Contando um pouco da história de Navegantes
Nossa história esta intimamente ligada a seu histórico religioso. Ignorar os antecedentes que proporcionaram a organização da comunidade católica local é ignorar as origens do município.
Em 1896 (23/01) a “Câmara Episcopal de Corytiba” permitia a construção da capela sob de N. Sra. dos Navegantes, de São Sebastião e de Santo Amaro”. Capela esta inaugurada em 1898.
Foi em 1912 (17/12) que o arraial assume o nome: Bairro dos Navegantes, homenagem aos “homens do mar” e sua íntima ligação com a Padroeira”Senhora dos Navegantes”.
Foi em 1962, ano dos principais eventos que marcaram o surgimento do novo município. No dia 2 de fevereiro, por decreto do arcebispo de Florianópolis é criada a Paróquia de Nossa Senhora dos Navegantes. Em 14 de maio, através da Resolução nº 02 a Câmara Municipal de Itajaí autoriza o desmembramento do Bairro de Navegantes, do município de Itajaí. Em 30 de maio a lei estadual nº 828 cria o município de Navegantes.
No dia 26 de agosto em ato solene com a presença do Governador Celso Ramos e do Arcebispo de Florianópolis Dom Domingos de Oliveira são instalados o Município e a Paróquia de Navegantes. Nesta mesma data foi empossado pelo Arcebispo o primeiro pároco Padre Gilberto Luiz Gonzaga. Já o governado Celso Ramos empossou o prefeito provisório Athanásio Joaquim Rodrigues. Este exerceu o cargo até o dia da posse do primeiro prefeito eleito, que foi Cirino Adolfo Cabral, ocorrida em 31 de janeiro de 1963.
As eleições de 1962, além do prefeito, escolheram também a primeira Câmara Municipal composta pelos vereadores: Osório Gonçalves Viana, (UDN); Onofre Rodrigues Júnior, (PTB); Arnoldo Bento Rodrigues, (UDN); Gildo Batista, (PTB); Manoel Dorval Costa, (UDN); Manoel Antônio Coelho, (PSD); e Nereu Liberato Nunes, (PSD).
Com o golpe militar de 1964, os três grupos políticos se aglutinaram em dois: ARENA e MDB. Esta divisão política pautou as disputas locais por mais de 30 anos. Mesmo depois da redemocratização, os grupos políticos locais se posicionaram dentro do PMDB e do antigo PDS. No final da década de 1990 os grupos políticos ficaram mais fracionados com o surgimento de novas legendas que, atualmente disputam o poder: PSDB, PMDB, e PT. Outras legendas se mantém com menos força como é o caso do PP, herdeiro da ARENA e do PDS. Novas siglas surgiram e tem representação como é o caso do PSD e PR, mas que em disputas majoritárias orbitam partidos maiores.
Os prefeitos de Navegantes
O primeiro prefeito foi Athanazio Joaquim Rodrigues, que exerceu o cargo de forma provisória entre o dia 26 de agosto de 1962 e 31 de janeiro de 1963. Ele foi empossado pelo Governador Celso Ramos e governou sem uma câmara de vereadores.
Ema 07 de outubro de 1962 aconteceu a primeira eleição municipal, onde foram eleitos prefeito, vice e vereadores. Os vereadores e o prefeito. Cirino Adolfo Cabral governaram a cidade de 1963 a 1969.
José Juvenal Mafra, governou 1969 a 1972. Na sucessão veio novamente Cirino Adolfo Cabral que governou até 1976.
De 1977 a 1982 o prefeito foi o advogado João José Fagundes.
De 1983 a 1988 assumiu a prefeitura o agricultor Domingos Angelino.
De 1988 a 1993 foi prefeito o advogado Adherbal Ramos Cabral.
O empresário Manoel Evaldo Müller veio na sequência até 1996.
Luiz José Gaya, servidor público da prefeitura de Itajaí, elegeu-se prefeito e exerceu o mandato entre 1997 e 2000.
Em 2001 volta a governar a cidade Adherbal Ramos Cabral, que é reeleito em 2004. Em 2006, renuncia para concorrer a deputado estadual. Assume o vice-prefeito, o empresário, Moacir Alfredo Bento que governa até 2008.
Entre os anos de 2009 e 2016, a prefeitura é comandada pelo professor Roberto Carlos de Souza, que cumpriu dois mandatos seguidos.
Em 2016, o servidor púbico de Navegantes Emílio Vieira, vice de Roberto Carlos de Souza por oito anos, assume o governo municipal.
Falta escrever a História das Histórias
O objetivo principal deste artigo é manter viva na memória das pessoas a sua própria história. Abordei a chamada história oficial. Contudo, existe uma história ou histórias que ainda precisam ser escritas. É a história das pessoas que fizeram e fazem o dia a dia da nossa economia, da nossa sociedade, mostrando os costumes, as qualidades e peculiaridades da sua gente e do seu lugar.
É preciso, por exemplo, escrever sobre os grupos locais, que ainda atuam na política, e que trabalharam contra a emancipação. Ou contar a história das manifestações populares como o carnaval, o boi de mamão, a dança de São Gonçalo, a Festa de Santo Amaro, o terno de reis. Ou ainda escrever como se deu o crescimento econômico a partir de 2005 com a instalação de grandes empresas na cidade. Ou ainda retratar a saga dos pescadores artesanais e sua luta pela sobrevivência, mostrando os perigos que enfrentavam e enfrentam na busca do seu sustento. Ou mesmo mostrar as peculiaridades sociais e econômicas de cada bairro: Pontal, Machados e Escalvados, Gravatá, Pedreiras, muito diferentes um do outro.
Já existem algumas produções neste sentido, de se contar a história cotidiana de nossa Navegantes. Mas, tem muito ainda por ser desnudado. Fica a dica aos historiadores e curiosos de plantão.
Por Tarcísio Weise – Professor e Presidente do Instituto IVES